A vida em condomínios muitas vezes envolve regras que visam à boa convivência entre os moradores, mas também podem gerar grandes polêmicas. Um morador do famoso Edifício JK, localizado no coração de Belo Horizonte, decidiu levar sua insatisfação à Justiça após receber uma notificação por circular com seus cães nas áreas comuns do prédio. O motivo principal do embate está na exigência de que os animais sejam carregados no colo, algo que o residente considera inviável e abusivo diante de sua realidade diária.
Marco Antonio de Oliveira, que reside no Edifício JK há mais de três décadas, alega que recebeu uma notificação exigindo que seus cães fossem sempre transportados no colo ao circular pelo espaço comum. O morador, no entanto, argumenta que carregar dois cachorros de cerca de 15 quilos cada seria uma tarefa extremamente difícil, além de representar riscos físicos tanto para ele quanto para os próprios animais. Essa situação levou o caso a escalar para o âmbito judicial, em busca de uma solução mais razoável para ambas as partes.
O regulamento interno do edifício, revisado em 2019, estipula que os animais devem ser conduzidos no colo ou na corrente. A interpretação dessa norma, segundo Marco, foi distorcida pela administração, que passou a exigir exclusivamente o transporte no colo. Diante da inconsistência, ele buscou esclarecimentos junto à gerência do condomínio, mas recebeu apenas a informação de que uma nova regra teria sido votada em assembleia, embora nenhuma ata oficial tenha sido apresentada como comprovação.
Além da dificuldade física, Marco destacou que o transporte forçado dos cães no colo poderia causar problemas de saúde para os animais, como lesões na coluna. A situação se agrava ainda mais porque, segundo ele, os elevadores do edifício frequentemente estão quebrados, obrigando-o a utilizar as escadas, o que torna ainda mais impraticável a exigência do condomínio. Para ele, a medida configura não apenas um abuso, mas também uma afronta à lógica e ao bem-estar dos próprios pets.
A ação na Justiça pede o reconhecimento do direito de transitar com seus cães utilizando coleiras, conforme previsto originalmente no regulamento interno. O caso levanta um debate importante sobre os limites do poder de regulamentação dos condomínios frente aos direitos individuais dos moradores. Em locais onde a convivência comunitária é imprescindível, encontrar um equilíbrio entre o interesse coletivo e o respeito às necessidades individuais se torna um desafio cada vez mais evidente.
O episódio envolvendo o Edifício JK ganhou repercussão por se tratar de um dos prédios mais emblemáticos de Belo Horizonte, conhecido por sua diversidade de moradores e seu intenso movimento interno. A polêmica traz à tona discussões sobre o que realmente é razoável exigir em espaços de uso coletivo, especialmente quando se trata do convívio entre seres humanos e seus animais de estimação, que hoje ocupam um lugar central na vida de muitas famílias.
Enquanto aguarda a decisão judicial, Marco Antonio continua enfrentando a rotina difícil de passear com seus cães respeitando o que considera ser o regulamento vigente. Para ele, mais do que uma questão de conforto pessoal, a ação busca garantir que todos os moradores do JK possam exercer seus direitos sem serem submetidos a exigências desproporcionais ou a regras que carecem de transparência e fundamentação legal. A decisão poderá criar um precedente importante para casos semelhantes em outros condomínios do país.
A expectativa agora é que a Justiça analise os argumentos apresentados e determine se a regra imposta pela administração do Edifício JK é válida ou se ultrapassa os limites do razoável. Independentemente do resultado, o caso já se tornou um marco para os debates sobre a convivência em condomínios e a proteção dos direitos dos moradores que dependem do respeito às normas com equilíbrio e bom senso.
Autor : Vogel Huber